Projeto do Parque da Lagoa corre risco com a nova ameaça
Governo quer aterrar lagoa e remover famílias
Plano do Daee é acabar com a área de 1,55 milhão de m² da cidade e retirar 250 famílias de favelaFABIO PAGOTTO
fabio.pagotto@diariosp.com.br
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As 250 famílias que vivem na favela à beira do lago formado pela antiga cava de areia próximo ao centro de Carapicuíba, na Grande São Paulo, deverão ser retiradas de lá ainda neste ano, de acordo com planos do Daee (Departamento de Águas e Esgotos de São Paulo). As famílias deverão sair totalmente até 2014 e ir para unidades habitacionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo).
O plano inclui aterrar o lago nos próximos dez anos com 20 milhões de metros cúbicos provenientes do desassoreamento dos rios Tietê e Pinheiros, além de córregos, piscinões e outras obras públicas. Também estão previstas as construções de um centro de logística, heliporto, espelho d’agua e reflorestamento.
De acordo com a Prefeitura de Carapicuíba, não há prazo fixo para a realocação das famílias e não se sabe ainda para onde elas vão. “O prefeito Sergio Ribeiro reivindicou a elaboração do projeto de cronograma de mudança das famílias da área próxima à lagoa, estabelecendo prazos e localização de suas novas moradias”, afirmou o Executivo, por meio de nota.
Areia/ A área que hoje é ocupada pela lagoa já foi seca. Em 1962, areia era extraída do local. Em 1974, o Rio Tietê foi retificado e a cava foi alagada. Também data daquele ano o início da utilização do local como depósito de lixo e sua ocupação por favelas. O lixão permaneceu ativo até 2001, quando foi aterrado pela prefeitura. Apesar disso, o local ainda recebe dejetos de maneira irregular.
Sem saber que o local está destinado à desocupação, o coletor de lixo José Bonifácio de Lima, de 31 anos, comprou um barraco às margens do lago. “Paguei R$ 3 mil há três meses. Achei que estava barato mesmo, não desconfiei de nada”, afirma o coletor.
Para José, o maior problema que ele, sua esposa e os cinco filhos enfrentam é o lixo ainda jogado ali. “É bom aqui, mas o lixo estraga tudo”, diz Rivalda José de Souza, de 37 anos, mulher de José.
Tensão toma conta da Favela do Savoy perto de reintegração
O ajudante geral Anderson Guedes de Menezes, de 36 anos, está apreensivo com a possibilidade de ter de sair novamente de sua casa na Favela Savoy, em Carapicuíba. “Comprei a casa em 2006 e em 2008 tive de sair na outra desocupação, mas consegui voltar. Agora não sei se vão derrubar tudo”, afirma Menezes.
O ajudante geral Anderson Guedes de Menezes, de 36 anos, está apreensivo com a possibilidade de ter de sair novamente de sua casa na Favela Savoy, em Carapicuíba. “Comprei a casa em 2006 e em 2008 tive de sair na outra desocupação, mas consegui voltar. Agora não sei se vão derrubar tudo”, afirma Menezes.
“Eu não pretendo resistir, se vierem eu e minha família sairemos em paz”, falou o ajudante. De acordo com a Prefeitura de Carapicuíba, a ordem judicial de desocupação está programada para o dia 6 de março, às 6h, em benefício da proprietária do terreno, a Construtora Savoy.
O açougueiro Adailton Gomes Soares, de 46 anos, também sairá de sua casa sem resistência, caso ocorra a reintegração de posse. “Eu vi o que fizeram lá no Pinheirinho. Não quero policiais pondo minha família para fora na base da pancada”, falou Soares.
O pedreiro João Joelson Pereira de Souza, de 48 anos, também teme a retirada, mas, otimista, está construindo uma nova casa no local. “Eu passei pela outra reintegração e aqui estou. A vida segue”, disse o pedreiro.
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