A cidade de São Paulo caracterizou-se, na década de 70, como um dos maiores pólos industriais do Brasil. As principais empresas instaladas na capital paulista fizeram do seu pátio industrial sinônimo de locomotiva do Brasil.
Com o advento da preocupação com o meio ambiente na década de 90, novas posturas foram adotadas pela sociedade como um todo. O governo adota novos parâmetros de conduta frente aos diversos paradigmas do desenvolvimento sustentável preconizado pela Conferência do Rio em 1992.
Com um novo olhar sobre o ambiente, em especial o ambiente urbano e as novas demandas de consumo da capital paulista; e o escasso número de imóveis disponíveis na capital, o setor imobiliário em sua crescente corrida para atender o sonho da casa própria busca os remanescentes dos galpões industriais desativados. Há então uma nova situação a ser apreciada.
O Plano Diretor Estratégico estabelece em seu artigo 190, parágrafo 4º, que as remanescentes do parque industrial paulistano somente poderão ser utilizadas para novos fins, após investigação, confirmação e saneamento de seu passivo ambiental. Vários bairros da capital passam por este processo, e um conflito inevitável: nova destinação de uso e contaminação ambiental. Vila Leopoldina, Brás, Lapa, Vila Anastácio, Mooca e, claro, o eixo da Avenida Eusébio Stevaux e cercanias.
Todos os bairros acima mencionados passam hoje pelo crivo da Cetesb e Prefeitura de São Paulo, no licenciamento de novas unidades de moradia, e a avaliação de risco à saúde humana em razão da contaminação / descontaminação a ser analisada.
Em Santo Amaro, a antiga fábrica das Lâmpadas Sylvania, com seu solo, subsolo e águas subterrâneas contaminadas por desengraxantes, compostos orgânicos voláteis e metais pesados, passa hoje por pesados investimentos para descontaminação para, num futuro próximo, passar por reurbanização para fins de moradia.
A antiga área das Bicicletas Monark também começa, ainda que a passos lentos, a descontaminar suas dependências para outros fins ainda não definidos. Recentemente a grande imprensa noticiou a descontaminação da USAN, onde são armazenados milhares de toneladas de areia monazítica beneficiada, material radioativo que ainda oferece riscos à população de entorno. O laboratório Novartis tenta, com esforço monumental, descontaminar seu entorno, fruto das mesmas atividades da década de 70, desprovida da preocupação ambiental da indústria tão presente nos dias de hoje.
A Agência Ambiental Paulista – CETESB, possui um amplo catálogo com mais de 2 mil pontos de áreas contaminadas na capital que demandam de soluções técnicas nem sempre muito simples. Hoje cabe à sociedade civil, em parceria com governo e iniciativa privada, um rigoroso acompanhamento dos tratamentos a serem oferecidos a estas áreas contaminadas, de modo a objetivar novos usos que garantam a recuperação do ambiente paulistano, reduzindo a zero os riscos a saúde pública destas manchas poluídas da cidade de São Paulo.
Relatório Final da CPI dos Danos Ambientais apontou para os graves danos à saúde pública a convivência com as áreas contaminadas com bairros residenciais, alertando o Ministério Público Estadual e a Vigilância Sanitária para maior rigor no tratamento destes remanescentes do parque fabril paulistano.
Santo Amaro tem um desafio neste Século XXI: acompanhar de perto a descontaminação das áreas da Monark, USAN, Novartis e Sylvania, para que sirvam de exemplo para a cidade de São Paulo.
Fonte: Gazeta de Santo Amaro, 18/08
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