sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Siemens e você: nada a ver!




Nas décadas de 50, 60 e 70, a indústria investiu na ampliação de suas instalações na capital paulista. A imagem característica deste período era sinônimo de desenvolvimento, emprego e prosperidade, caracterizada por uma chaminé emitindo poluentes na atmosfera paulistana.

Nos dias de hoje, esta imagem poluidora de nosso seco ar, pouco recebe a contribuição dos comandados do edifício sede da Fiesp na Paulista. Ficou então a herança maldita da mega poluição do subsolo e águas subterrâneas.
Para refrescar nossa memória, casos trágicos estão espalhados por toda a cidade.

A Shell Vila Carioca puxa o carro chefe desta imensa lista catalogada pela Cetesb. Todos posam quase sempre como anjos celestiais do meio ambiente, com discurso de práticas sustentáveis, e que os problemas do passado foram corrigidos por autodenúncia, tamanha responsabilidade ambiental tão propagada na metrópole.

Assim comporta-se a Procter & Gramble (antiga Gillete do Brasil) com seu passivo latifundiário na bacia do Jurubatuba. A lista é grande, passando por Baxter, Novartis, Bayer, Horizon 18, Faiveley, Irwin Industrial Towls e outras praticantes da farra da contaminação. Impera nestes casos o laissez faire para “deixa estar, para ver como fica”.

A Siemens representa para nós brasileiros a bandeira Alemã. Os germânicos são ótimos em propagar na América Latina e no mundo, sua imagem de dedicação à preservação do planeta.

Nesta semana, De olho no solo acompanhou a visita técnica da Câmara Municipal de São Paulo junto com os moradores do bairro da Lapa à antiga unidade da Siemens na Lapa de Baixo.

A unidade fabril passou por um conceituado retro fit, desenvolvido pela E-Business Park, locatária dos remanescentes da Siemens, impressionando os visitantes com a típica projeção de Beverly Hills. Há significativos investimentos na tentativa de sanear a área recheada de voláteis em todas sua extensão apontados nos Pareceres Técnicos do Departamento de Controle Ambiental da Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Capital. Cetesb também alerta para o risco a saúde humana face à exposição em ambientes confinados. Risco para os trabalhadores e comunidade do entorno, que somente a Coordenadoria em Vigilância Ambiental poderá precisar com detalhes em breve.

“O lixo foi para debaixo do tapete”, ditado popular tão usado por nosotros na linha abaixo do Equador parece migrado para o distante empreendedor europeu.
Feliz 5771 a todos da coletividade Judaica! Que a paz reine na Terra Santa! Shana Tová!

Edson Domingues, 03/09

Conceito de áreas contaminadas, CETESB

O que são áreas contaminadas

Uma área contaminada pode ser definida como uma área, local ou terreno onde há comprovadamente poluição ou contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural. Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em subsuperfície nos diferentes compartimentos do ambiente, como por exemplo no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos, nas águas subterrâneas ou, de uma forma geral, nas zonas não saturada e saturada, além de poderem concentrar-se nas paredes, nos pisos e nas estruturas de construções.
    
Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir desses meios, propagando-se por diferentes vias, como o ar, o próprio solo, as águas subterrâneas e superficiais, alterando suas características naturais de qualidade e determinando impactos negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus arredores.
    
Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), são considerados bens a proteger:  
• a saúde e o bem-estar da população;
• a fauna e a flora;
a qualidade do solo, das águas e do ar;
os interesses de proteção à natureza/paisagem;
a ordenação territorial e planejamento regional e urbano;
a segurança e ordem pública.

As fontes e os cenários de contaminação estão representados nas figuras a seguir:
(Fonte: AHU, Consultoria em Hidrogeologia e Meio Ambiente, Alemanha, 1987).

Fontes de Perigo Cenários Medidas de Identificação
de Problemas
Leia a definição de cada caso passando o mouse sobre os círculos numerados.
Área industrial abandonada



Antiga área de disposição de resíduos


Investigação confirmatória Efeito do ar poluído na vegetação Evaporação de solventes tóxicos Deposição de metais pesados no fundo do rio Erosão de resíduos sólidos tóxicos em direção ao rio Fluxo de poluentes superficial e subterrâneo em direção ao rio Percolação de poluentes na água subterrânea em direção ao rio Poluição de água subterrânea Poluição do solo Resíduos abandonados lançados sobre o solo Percolação no subsolo de antigos vazamentos Valas com barris enferrujados com resíduos tóxicos Vazamento de tanques enterrados e sistema de tubulação Vazamento de tanques enterrados e sistema de tubulação Bombeamento de águas contaminadas Aterro com entulho, solo e escória Resíduos sólidos industrial e comercial Infiltração de gases tóxicos nas casas Emissão de gases tóxicos por resíduos Resíduos domésticos Percolação de poluentes lixiviados para água subterrânea Entrada de vapores na edificação Rachaduras nas construções devido a recalques do aterro Entrada de gases nocivos através da rede de esgoto Contato dermal e ingestão de material tóxico Irrigação com água subterrânea contaminada Contaminação de água potável Poluição da água subterrânea pela percolação de contaminantes Fechamento da estação de tratamento de água Acesse  Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares e
  Relação de Áreas Contaminadas e Reabilitadas 


http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/publicacoes.asp

Fonte: CETESB

De olho na água: Perigo, parte do RioTietê usada para pesca está contaminado com metais pesados!

Trechos "limpos" do Tietê têm metais pesados; homem pode ser contaminado


Eduardo Knapp/Folhapress
No trecho do rio Tietê na região de Santana do Parnaiba (SP) foram localizadas concetrações de cobre, cromo e zinco

Mesmo em trechos considerados limpos, onde pescar é algo comum, o Tietê esconde riscos à saúde como em pontos poluídos.

Cromo, zinco, cobre, níquel, cobalto, cádmio e chumbo, entre outros metais pesados, estão depositados no fundo do rio. 

Os metais pesados presentes nos sedimentos do rio Tietê podem contaminar o ser humano por meio da cadeia alimentar ou até durante contato com a pele ou com a água, afirmam especialistas.

Quem se alimenta de peixes do Tietê pode ser afetado. 

Pesquisa do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) da USP de Piracicaba (160 km de SP) constatou excesso desses elementos ao longo dos 1.150 km do rio, que atravessa o Estado e, em vários pontos, é usado para pesca e turismo. 

Em Nova Avanhandava, a concentração de cobre é duas vezes maior que o índice que indica início de contaminação. Em Pirapora do Bom Jesus, famosa pela espuma gerada pela poluição, o zinco no fundo do rio está duas vezes além do limite.
O trecho do Tietê que corta a cidade São Paulo não foi pesquisado pelo fato de o sedimento do fundo ter sido mexido nos últimos anos em ações de desassoreamento. 

A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de SP), órgão ligado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, foi procurada pela Folha e informou que, por questões éticas, não se manifesta sobre estudos realizados por outros órgãos.


Fonte: Folha de SP, 28/08