quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Lixo tóxico abandonado pode contaminar o lençol freático no interior


SÃO PAULO - Uma grande quantidade de lixo tóxico abandonado na antiga estação ferroviária de Matão, a 304 quilômetros de São Paulo, pode contaminar o lençol freático da cidade. Todos os 650 tambores com 200 litros cada têm sinal de ferrugem e alguns estão completamente comprometidos. Eles estão um ao lado do outro em meio ao mato alto e restos de outros produtos recicláveis. O lixo deve ser removido para Santa Catarina, em até 50 dias.
Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o cheiro ácido de solventes e produtos químicos é forte no local. Em alguns deles, é possível ver a descrição. Alguns produtos são inflamáveis e muitos estão vazando.
De acordo com a Cetesb, a empresa de reciclagem que funcionava no local não tem alvará. O dono, que está preso por outros motivos, não fez nenhum tipo de regularização. Agora, a prefeitura, a Cetesb e a empresa que assumiu a malha ferroviária devem fazer a retirada dos tambores a partir de segunda-feira.
- Tudo será encaminhado para um local devido em Santa Catarina. Isso deve demorar um prazo de 40 ou 50 dias - disse o secretário de Fazenda Moacir José Bertaci.
De acordo com o gerente da Cesteb, Jorge Guimarães, o Ministério Público será informado da situação.
- Até por uma obrigação da Cesteb, para que se for o caso ele desenvolva um inquérito policial das empresas que tenham lançado nesse local - ressaltou.
Fonte: G1

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Prefeitura faz relatório incompleto sobre áreas contaminadas na cidade


Administração lista 203 áreas com solo poluído por metais, combustíveis ou solventes, mas não detalha quais estão sendo ''remediadas''

08 de fevereiro de 2011 |
Márcio Pinho - O Estado de S.Paulo
Obrigada por lei, a Prefeitura de São Paulo divulgou o primeiro relatório de solo contaminado da cidade. O documento, publicado em janeiro no Diário Oficial, traz 203 áreas. Mas deixa de fora informações obrigatórias sobre os terrenos. Não diz, por exemplo, quais estão sob investigação e se há áreas em processo de reabilitação ou já reabilitadas.
Tiago Queiroz/AE
Tiago Queiroz/AE
Exemplo. Terreno que foi ocupado pela Esso recebe tratamento desde 2001, mas é considerado contaminado pelo Município
O solo contaminado representa risco à saúde. A lista deve ser atualizada a cada três meses e serve como um guia sobre a condição de terrenos que poderão receber empreendimentos. Para erguer um prédio, o construtor precisa verificar se ele tem alta concentração de produtos tóxicos, como combustíveis, metais e solventes. Em caso positivo, precisará descontaminá-lo. O relatório também pode ser usado para compradores de apartamento verificarem se a área do prédio já foi ou não poluída e se passou por processo de descontaminação.
"Esse documento deveria ser um serviço à sociedade", explica o vereador Ítalo Cardoso (PT), autor da lei que criou a lista de áreas contaminadas. "Infelizmente, ainda não saiu com todos os dados previstos." A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente afirma que todas as áreas contaminadas da cidade foram listadas e, na próxima atualização, vai adicionar detalhes.
Mooca. Bairros com vocação industrial no passado concentram as áreas com alta concentração tóxica no solo. É o caso do distrito da Mooca, o campeão com 18 áreas, onde o problema hoje trava o desenvolvimento imobiliário. Depois, vêm dois distritos na zona sul - Campo Grande, com 17, e Santo Amaro, 11. Também aparecem com destaque bairros da zona oeste, como Vila Leopoldina, com 10, e Barra Funda, 7.
Esses bairros já se sobressaíam no relatório anual do governo do Estado, divulgado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que traz um número de áreas contaminadas muito maior que o da lista da Prefeitura - mais de 800 áreas na capital paulista.
A Prefeitura diz que os dados da Cetesb contemplam áreas cujas atividades são licenciadas pelo órgão estadual, como postos de combustíveis e indústrias em operação. Diz também que os dados da companhia serviram de base ao relatório municipal, mas que a Prefeitura ainda coletou dados com seu trabalho de fiscalização e análise de laudos enviados por proprietários.
A falta de informação acurada sobre a situação dos terrenos fica evidente nos dados sobre uma área ícone da cidade em termos de contaminação: o terreno de 97 mil metros quadrados na Rua Barão de Monte Santo, na Mooca, ocupado pela Esso por mais de 50 anos.
Com tamanho equivalente a cerca de dez campos de futebol, a área recebeu tratamento da empresa desde 2001, faltando agora apenas a liberação por parte da Cetesb. A Secretaria do Verde diz que o gerenciamento da área continua sendo da Cetesb, mas que acompanha o processo e incluiu a área na lista municipal pelo interesse despertado pela população em criar um parque no terreno. Já a Cosan Combustíveis e Lubrificantes, detentora da marca Esso no Brasil, informa que tomou as medidas cabíveis para recuperar o terreno da Mooca e "concluiu a remediação do local". Para Cardoso, o número de áreas contaminadas em São Paulo supera tanto o da Cetesb quanto o da Prefeitura.
Atraso. O decreto que regulamentou a lei sobre a lista municipal das áreas contaminadas é de abril de 2010. Estipulava 180 dias para a publicação do relatório, que, no entanto, só saiu há poucos dias. A Prefeitura afirma que fez um levantamento criterioso e a divulgação ocorreu depois do prazo previsto por causa da complexidade em centralizar os dados. A lista está no www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/.COLABOROU RENATO MACHADO